9 de jun. de 2009

8 de jun. de 2009

Paz e Guerra

tudo putrefando aqui e além
a pêra, a maçã, o queijo,
o mundo.
estamos podres
batatas apodrecendo
e o mundo indo
ninguém se lembra da flor
do verde, do azul do vermelho
o mundo está preto e branco
como o sol está transparente
e as pessoas estão sumindo
estão tão dentro de si próprias
que não vêem as outras.
as ondas vêem até nós
e nem sequer admitimos
que estamos nos afogando.
ninguém pode ver.
as crianças estão a nos sorrir
e nossa afaga é a crueldade.
já não existe alteridade (raramente existiu)
cada um tem seu claustro.
as paisagens agora têm dono
e às vezes pagamos para vê-las.
palavras doces foram esquecidas
frieza e frigidez assombram
a inerte beleza das almas mórbidas.
e de novo voam os pássaros
e nadam os peixes
todo dia isso se faz e nem percebemos
porque nossas solidões são conjuntas
e nossa tristeza é depressão
todos estão deprimidos, e então?
quem viverá os mares?
os céus, as terras, as flores?
quem viveá o amor que vaga perdido
sem coração?
quem achará a gentileza
a pairar sobre os muros de uma cidade fantasma?
por onde andaremos com nosso ego
sem os outros, sem nós mesmos?
todo dia que passa
é um novo vento que vem
traz consigo toda calma e toda fúria
que pode ter o mar.

é nessa paz e guerra
que o não viver para o outro
é um não viver de si.

~
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Viajante espacial da poética atemporal.

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