14 de ago. de 2010

estanque

estanque os versos quebrados
as palmas das mãos apertadas
os suspiros de espasmos
as palavras gentis
o silêncio guardado

estanque as vozes em sussurros
os apelos tão mudos
serenos gritantes do mundo

estanque o estar-se ao lado
o querer-se por perto
o calor dos olhares
o murmúrio exaltado de quem se deixou

estanque com destreza o passado
com seus rabiscos cortado e cortante
da dor maturada enervada e constante
do ébrio toque

estanque o decalque colado
a tatuagem bordada
o martírio do bêbado em cela fechada

e tão mais depressa se estanque
o pulsar do que há no peito
se estancará o sangue do sentir partido

e quem sabe então
se estancará a dor pungente
das incertas escolhas
e dos caminhos perdidos

num rito final estanque
o que existe aqui - e lá
para não se vagar no riso
da cruel ausência sarcástica

e tanto mais
para não se morrer de triste
na embriaguez do mundo
de sentimentos velados.
Minha foto
Viajante espacial da poética atemporal.

Visitantes