Gente pobre morre tanto
Gente honesta, traficante
Morre homem da favela
e criança sem tutela.
Onde há vida há amor
E com a gente dos barracos
Só lhes mandam os carrascos
A enquadrar o seu suor,
Gotas de sangue, nó.
O negro que um dia embarcou
No navio da tormenta
Serviu, lutou, gritou
E ainda dele se alimentam.
Vejo caos e agonia
Boatos, mentiras, conspirações no ar.
Todos olham as imagens diárias
em suas TV`s imaginárias.
Limpam a gente rica da sujeira
Culpam o pobre: é marginal.
Farinha pouca, meu pirão primeiro.
Para os donos do poder,
Todo cuidado é pouco.
A merda é grande,
Mas o bolso deles também.
Enquanto o pobre pisa no lodo e morre,
Gente das posses encobre o lixo e dorme.
Até onde vai isso impune?
Num mundo de moços “bons”, bandidos “maus”,
Maniqueísmos, fantasias e jornais,
Escondem a verdadeira face humana:
Quem muito tem, nada quer dar
Ou seu lucro pôr a perder.
Quem pouco ou nada tem,
Carece de amparo e de justiça.
É pobre bandido,
Muleque pivete,
Garota da vida.
Uma minoria apossada gera os marginalismos
A classe média vai na onda.
Consomem a ilegalidade,
Tiram leite de criança
E ainda vêm fazer alarde
Vitimizando a própria “inocência”.
E para onde vai o criminoso?
Para as jaulas do poder.
Enquanto ouço dizer
“Tire os bons da favela, e jogue uma bomba lá”
Mais tenho certeza da pequenez humana,
Do quanto precisamos ser melhores e mais justos,
Antes que matemos uns aos outros
E degolemos nossos próprios filhos.
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29 de nov. de 2010
22 de nov. de 2010
Açoite
Aquela criança, recém vinda ao mundo
sacolejava nos braços maternos.
Fruto de toda asquerosidade do mundo
ou de todo amor, não se sabe,
era o ser mais puro, indefeso a sorrir.
O seu rosto já marcado
pela cólera do porvir.
Seu regalo era um colo cansado
de quem mal pariu.
Nas entranhas, o gosto amargo das ruas,
o suor, molhado de sede.
a grande barriga, vazia de comida.
Tudo tão grandioso e tão feio
Tudo tão belo e tão sujo.
Por quanto de dinheiro se vende o medo?
Com quanto suor se compra a sobrevida?
O existir tão perto da morte e tão longe da vida.
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sacolejava nos braços maternos.
Fruto de toda asquerosidade do mundo
ou de todo amor, não se sabe,
era o ser mais puro, indefeso a sorrir.
O seu rosto já marcado
pela cólera do porvir.
Seu regalo era um colo cansado
de quem mal pariu.
Nas entranhas, o gosto amargo das ruas,
o suor, molhado de sede.
a grande barriga, vazia de comida.
Tudo tão grandioso e tão feio
Tudo tão belo e tão sujo.
Por quanto de dinheiro se vende o medo?
Com quanto suor se compra a sobrevida?
O existir tão perto da morte e tão longe da vida.
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