29 de nov. de 2010

Poesia do Luto

Gente pobre morre tanto
Gente honesta, traficante
Morre homem da favela
e criança sem tutela.

Onde há vida há amor
E com a gente dos barracos
Só lhes mandam os carrascos
A enquadrar o seu suor,
Gotas de sangue, nó.

O negro que um dia embarcou
No navio da tormenta
Serviu, lutou, gritou
E ainda dele se alimentam.

Vejo caos e agonia
Boatos, mentiras, conspirações no ar.
Todos olham as imagens diárias
em suas TV`s imaginárias.
Limpam a gente rica da sujeira
Culpam o pobre: é marginal.

Farinha pouca, meu pirão primeiro.
Para os donos do poder,
Todo cuidado é pouco.
A merda é grande,
Mas o bolso deles também.
Enquanto o pobre pisa no lodo e morre,
Gente das posses encobre o lixo e dorme.

Até onde vai isso impune?
Num mundo de moços “bons”, bandidos “maus”,
Maniqueísmos, fantasias e jornais,
Escondem a verdadeira face humana:

Quem muito tem, nada quer dar
Ou seu lucro pôr a perder.
Quem pouco ou nada tem,
Carece de amparo e de justiça.
É pobre bandido,
Muleque pivete,
Garota da vida.

Uma minoria apossada gera os marginalismos
A classe média vai na onda.
Consomem a ilegalidade,
Tiram leite de criança
E ainda vêm fazer alarde
Vitimizando a própria “inocência”.

E para onde vai o criminoso?
Para as jaulas do poder.
Enquanto ouço dizer
“Tire os bons da favela, e jogue uma bomba lá”
Mais tenho certeza da pequenez humana,
Do quanto precisamos ser melhores e mais justos,
Antes que matemos uns aos outros
E degolemos nossos próprios filhos.

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