22 de nov. de 2010

Açoite

Aquela criança, recém vinda ao mundo
sacolejava nos braços maternos.
Fruto de toda asquerosidade do mundo
ou de todo amor, não se sabe,
era o ser mais puro, indefeso a sorrir.

O seu rosto já marcado
pela cólera do porvir.
Seu regalo era um colo cansado
de quem mal pariu.

Nas entranhas, o gosto amargo das ruas,
o suor, molhado de sede.
a grande barriga, vazia de comida.

Tudo tão grandioso e tão feio
Tudo tão belo e tão sujo.
Por quanto de dinheiro se vende o medo?
Com quanto suor se compra a sobrevida?

O existir tão perto da morte e tão longe da vida.

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Viajante espacial da poética atemporal.

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