Aquela criança, recém vinda ao mundo
sacolejava nos braços maternos.
Fruto de toda asquerosidade do mundo
ou de todo amor, não se sabe,
era o ser mais puro, indefeso a sorrir.
O seu rosto já marcado
pela cólera do porvir.
Seu regalo era um colo cansado
de quem mal pariu.
Nas entranhas, o gosto amargo das ruas,
o suor, molhado de sede.
a grande barriga, vazia de comida.
Tudo tão grandioso e tão feio
Tudo tão belo e tão sujo.
Por quanto de dinheiro se vende o medo?
Com quanto suor se compra a sobrevida?
O existir tão perto da morte e tão longe da vida.
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22 de nov. de 2010
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