26 de dez. de 2010

Ode ao nada

Estou tão perto de conhecer o nada como estive tão perto de conhecer o tudo, mas ele me passou para trás. E agora o nada vem a soar em meus ouvidos, odorizar minhas narinas, sacudir meus anseios e entoar palavras de minhas cordas vocais. Serei eu uma exaltadora do nada, neste mundo do tudo, onde todos se sentem como o todo e o exaltam, onde a correria diária eleva os seres ativos, que tudo fazem, onde mais e mais coisas inúteis são criadas para satisfazer desejos fúteis?

O nada é mais límpido e mais calmo. Ele clarifica o pensamento, permite novas suposições, glorifica as simplicidades. O nada é tão sereno quanto uma bolha, náufraga de seu todo, uma parte vazia e ao mesmo tempo completa do nada.

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2 comentários:

  1. Como bem nos escreveu Ricardo Reis,

    "Tão cedo passa tudo quanto passa!
    Morre tão jovem ante os deuses quanto
    Morre! Tudo é tão pouco!
    Nada se sabe, tudo se imagina.
    Circunda-te de rosas, ama, bebe
    E cala. O mais é nada."

    Poesia completa de Ricardo Reis

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